domingo, 21 de novembro de 2010

A idade e a mudança

Olá...

Às vésperas de completar 3 décadas de existência, senti necessidade de voltar a postar.
Não prometo que vai ser com frequência, mas vou estou de volta à blogoesfera! Recebi esse texto por e-mail essa semana e achei que poderia dividi-lo com vocês.

Um grande abraço!
















A idade e a mudança

[Lya Luft]

Mês passado participei de um evento sobre as mulheres no mundo contemporâneo. Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.
E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.
Foi um momento inesquecível... A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito. Aí fiquei pensando: "pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?"
Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado "juventude eterna". Estão todos em busca da reversão do tempo. Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.
Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada. A fonte da juventude chama-se "mudança". De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora. A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas. Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos. Mudança, o que vem a ser tal coisa?
Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho. Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.
Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos. Rejuvenesceu.
Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol. Rejuvenesceu.
Toda mudança cobra um alto preço emocional. Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza. Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.
Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna. Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.
Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar. Olhe-se no espelho...

2 comentários:

Marcus Vinícius da Silva disse...

A gente dá voltas e voltas, e o conselho é tão óbvio que sempre se repete (apesar de repetição ser exatamente o contrário do que diz): mudança.

Tem certas coisas (esse conselho, por exemplo) que todos deveriam seguir. Mais tarde, quando formos recordar da nossa vida, vamos apenas lembrar de um dia, se todos os dias forem iguais. Se forem diferentes, lembraremos de todos eles.

Pedra que rola não cria limo, porque é a mudança que faz a vida memorável.

Um abraço, e bom retorno ao submundo da blogosfera!

C'n destours disse...

Ótimo texto, e ela é uma boa escritora. Concordo plenamente. A mudança superficial, troca de fachada, nada mais é do que simplesmente esconder o que não está bom ao invés de encarar o reflexo da sua vida no espelho e mudar de fato. A jovialidade e o prazer em viver é algo que ninguém pode nos dar além de nós mesmos.